segunda-feira, 29 de abril de 2013

Lula, o preconceito, o rancor e o velho ódio de classes

LULA E O POVO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um convite para publicar uma coluna mensal no The New York Times, maior jornal do mundo, onde poderá defender suas causas e bandeiras de luta. Os artigos irão tratar de política, economia internacional e combate à fome e a miséria no mundo. Este anúncio fez aflorar rancor, ressentimento e o velho ódio de classes contra o ex-retirante nordestino que se tornou metalúrgico, líder sindical, deputado federal, presidente da República e um dos estadistas mais reconhecidos no mundo.

A trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva é conhecida. Foi um presidente com uma trajetória pessoal e política diferente dos que governaram antes. Sempre governou com o coração. Nunca se comportou como um lorde na Presidência da República. Foi o primeiro trabalhador eleito para comandar os destinos da nação brasileira. Um grande líder popular, que começou no movimento sindical e ascendeu ao maior cargo institucional desse país. O presidente Lula é a síntese do povo brasileiro.

O carismático presidente Lula deixa o poder, como observou um analista, “amado pelo povo e detestado pela mídia”. Um líder querido e respeitado em quase todo o mundo. O historiador Eric Hobsbawn afirmou que Lula "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas". O presidente do Uruguai, José Mujica, chamou Lula de "embaixador plenipotenciário no conserto deste mundo". Lula é um homem imprescindível, não apenas na América Latina, mas no mundo", afirmou o presidente chileno, Sebastián Piñera.

O ex-presidente Lula, por conseguinte, é um ativo valioso, que interessa a qualquer publicação no mundo. Além disso, com sua agenda internacional focada, principalmente, na África, ele é hoje sério candidato ao Prêmio Nobel da Paz.

O convite para publicar uma coluna mensal no The New York Times não significa, todavia, que Lula está obrigado a redigir de próprio punho seus artigos. Como colunista, Lula, naturalmente, delegará a tarefa de produzir textos a algum escriba. É assim, sempre foi e sempre será no mundo inteiro. Enfim, é para isso que existem jornalistas e ghost-writers. Ghost writer é a expressão inglesa que designa o profissional de alto nível especializado em prestar serviços de redação de textos a outras pessoas que não têm tempo. Todo mundo sabe que os discursos dos Presidentes de República e Governadores, os relatórios dos Ministros de Estado ou de diretores de grandes empresas não são redigidos pessoalmente pelas personalidades que os assinam.

Todos os presidentes têm ou tiveram seus ghost-writers. Juscelino Kubitschek teve Augusto Frederico Schmidt e Álvaro Lins. Getúlio Vargas teve vários. Os mais ilustres foram Osvaldo Aranha e Lourival Fontes. Tancredo Neves, que fez memoráveis discursos ao longo de sua trajetória política, delegava a tarefa ao jornalista Mauro Santayana. John Kennedy teve três ghost-writers Arthur Schlesinger, John Kenneth Galbraith e Ted Sorensen. Até o presidente Barack Obama tem o ghost-writer. Trata-se do jovem Jon Favreau.

Na verdade, ainda persiste contra o ex-presidente Lula rancor, ressentimento, aversão, preconceito e o velho ódio de classes. A história de superação de Lula é desprezada por analistas rancorosos e invejosos no Brasil, mas reconhecida até por seus adversários políticos, hoje inspira líderes do mundo inteiro.

Abdias Duque de Abrantes
Advogado - Pós-graduado em Direito Processual do Trabalho pela Universidade Potiguar (UnP) e Jornalista

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